O estilo de gestão da escola, mais ou menos participativa, pode ter influência no desempenho do aluno. Algumas evidências empíricas mostram que o aprendizado dos alunos é maior nas instituições cujos diretores dão mais importância à participação dos professores na elaboração do plano pedagógico e são mais abertos às sugestões e propostas da comunidade escolar, principalmente nas escolas menores e naquelas em que os estudantes têm menor nível socioeconômico.
IMPACTO
A participação de pais e membros da comunidade nas decisões da escola fortalece a sintonia e permite troca de informações relevantes entre escola e família, além de contribuir para elevar o engajamento da comunidade na manutenção da unidade escolar.
Já a participação de professores e funcionários se justifica não só pelo conhecimento específico que esses profissionais têm acerca dos processos administrativos e de ensino-aprendizado, mas também porque eles podem se sentir mais motivados e, consequentemente, se engajar mais nas atividades da escola. No entanto, existe um dilema nesse caso. Se, por um lado, professores e funcionários têm muito a contribuir na definição de questões de natureza pedagógica e administrativa, por outro, são destinatários de parte dos recursos cuja alocação é deliberada pelo grupo. Pode ser difícil separar interesses pessoais na discussão sobre a alocação mais eficiente dos recursos.
As evidências mostram que nas escolas cujos diretores dão mais relevância à participação dos professores na elaboração do plano pedagógico e são mais abertos às sugestões e propostas da comunidade escolar, o desempenho dos alunos é melhor, principalmente entre aqueles com menor nível socioeconômico. Esses resultados são ainda mais significativos em escolas menores, o que é perfeitamente compreensível, uma vez que, nas maiores, as interações entre os agentes são mais complexas, envolvem mais pessoas, os consensos são mais difíceis de serem alcançados e alguma formalização e hierarquia acabam sendo requeridas.
Os conselhos escolares são uma alternativa para implementar um estilo mais participativo na gestão. Esses são órgãos consultivos e/ou deliberativos, responsáveis por coordenar e avaliar as atividades pedagógicas, administrativas e financeiras da escola. Em geral, o conselho é presidido pelo diretor e composto de representantes dos professores, funcionários, pais e alunos, eleitos para um mandato de prazo determinado, que geralmente pode ser estendido.
A literatura não encontra evidências que comprovem um impacto positivo da existência de conselhos escolares sobre o aprendizado dos alunos. Uma dificuldade de interpretação para essa falta de impacto é que os conselhos existentes se diferenciam muito em termos de modelo e atribuições, e que o impacto estimado é o impacto médio. Assim, embora na média não se tenha observado nenhum efeito, pode ser que uma ou mais estruturas específicas tenham sido bem-sucedidas, mas que seus resultados tenham sido escondidos por outros modelos com desempenho negativo.
POSSIBILIDADES DE AÇÃO
Há evidências empíricas de que aprendem mais os alunos das instituições em que os diretores dão mais importância à participação dos professores na elaboração do plano pedagógico. Cabe, portanto, aos diretores incentivar esse estilo gerencial.
Embora as pesquisas não apontem um impacto positivo dos conselhos escolares, eles também podem ser uma ferramenta importante para implementar um estilo mais participativo de gestão.
Os diretores podem, ainda, construir um ambiente de gestão aberto à participação da comunidade. Divulgar os conteúdos esperados para cada série é, por exemplo, uma forma de ajudar os pais a acompanharem o desenvolvimento de seus filhos e pode ser útil para que eles possam sugerir e cobrar ações.
Texto elaborado com base em estudo de André Portela Souza