Quanto mais a qualidade do professor puder ser identificada a partir de características facilmente observáveis — como
a reputação da instituição na qual estudou, seu desempenho acadêmico e o tipo de curso concluído —, mais fácil será para as Secretarias de Educação selecionar os professores entre os melhores candidatos. Entretanto, as evidências revelam que informações desse tipo não são suficientes e, portanto, podem ser complementadas por uma política de seleção baseada em certificações e concursos.
IMPACTO
Estudos demonstram que concursos e certificações bem concebidos podem ser eficazes na seleção dos melhores candidatos ao magistério. Porém, processos de seleção que sejam muito custosos para os potenciais professores podem ter o efeito contrário, desestimulando sua participação. Muitos dos bons candidatos não estão dispostos a fazer os investimentos necessários para passar em determinados concursos, principalmente se esses investimentos forem muito altos (1).
Na verdade, existem indicações de que, na prática, certificações mais simples podem ser tão boas quanto as mais elaboradas.
POSSIBILIDADE DE AÇÃO
É importante que as Secretarias de Educação saibam que selecionar professores com base em certificações e na aprovação em concursos pode ser útil, mas não é suficiente. Sempre que possível,
fatores mais diretamente ligados ao desempenho em sala de aula, com avaliações objetivas do aprendizado dos alunos, também devem ser levados em conta tanto no recrutamento como na promoção de remuneração diferenciada.
Como a qualidade dos professores varia de um período para outro, seria importante que a remuneração desses profissionais levasse em conta não apenas seus atributos e características — tais como ser ou não concursado ou certificado —, mas também o desempenho de seus alunos ao longo do tempo.
Uma das conclusões mais importantes dos estudos é que a certificação não é uma forma perfeita de identificar a qualidade dos professores e que pode ter o efeito perverso de restringir o acesso à profissão. Portanto, apesar de a evidência disponível recomendar que as Secretarias de Educação utilizem intensamente concursos e certificações para selecionar e premiar seus professores, há vantagens em não torná-los obrigatórios e em promovê-los de forma subsidiada, para garantir uma ampla participação de candidatos.
Texto elaborado com base em estudo de Ricardo Paes de Barros
(1) Nos Estados Unidos, por exemplo, existem sistemas de seleção em que o professor precisa gastar recursos significativos preparando seu currículo. Muitas vezes, é necessário até que ele filme algumas de suas aulas. Os processos de seleção que podem desestimular a participação dos bons professores são, em geral, aqueles bastante elaborados, baseados em diversas etapas que demandam investimentos consideráveis por parte dos concorrentes.